Havia, no
colégio, três companheiros desagradáveis. Um deles era o Vilares. Menino forte,
cara bexigosa, com um modo especial de carregar e de franzir as sobrancelhas
autoritariamente.
Parecia ter
nascido para senhor do mundo.
No recreio
queria dirigir as brincadeiras e mandar em todos nós. Se a sua vontade não
predominava, acabava brigando e desmanchava o brinquedo.
Simplesmente
insuportável. Ninguém, a não ser ele, sabia nada; sem ele talvez não existisse
o mundo.
Vivia
censurando os companheiros, metendo-se onde não era chamado, implicando com um
e com outro, mandando sempre. (…)
Não tinha um
amigo. A meninada do curso primário movia-lhe a guerra surda. E, um dia, os
mais taludos se revoltaram e deram-lhe uma sova.
Foi um
escândalo no colégio. O vigilante levou-os ao gabinete do diretor. O velho
Lobato repreendeu-os fortemente. Mais tarde, porém, chamou o Vilares e o
repreendeu também.
Eu estava no
gabinete e ouvi tudo.
- É
necessário mudar esse feitio, menino. Você, entre os seus colegas, é uma
espécie de galo de terreiro. Quer sempre impor a sua vontade, quer mandar em
toda a gente. Isso é antipático. Isso é feio. Isso é mau. Caminha-se mais
facilmente numa estrada lisa do que numa estrada cheia de pedras e buracos.
Você, com essa maneira autoritária, está cavando buracos e amontoando pedras na
estrada de sua vida.
E,
continuando:
- Você gosta
de mandar. Mas é preciso lembrar-se de que ninguém gosta de ser mandado. Desde
que o mundo é mundo, a humanidade luta para ser livre. O sentimento de
liberdade nasce com o homem e do homem não sai nunca. É um sentimento tão
natural, que os próprios irracionais o possuem. E louco será, meu filho, quem
tiver a pretensão de modificar sentimentos dessa ordem. Ou você muda de feitio,
ou você muito terá que sofrer na vida. (VIRIATO
CORREA.)
professora val gosto dos teus textos
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