Ao
analisar a letra da música de Geraldo Vandré, “Para não dizer que não falei das
flores”, pode-se dizer que é possível perceber quatro itens especiais que
chamam a atenção de um leitor atento e sensível: o contexto histórico a qual
está inserida, os verbos que foram utilizados para sua composição, a angústia
de uma nação, a sensibilidade e a perspicácia de um eu lírico que vivenciou
todo sofrimento do povo que compõe uma
nação angustiada e ao mesmo tempo revoltada pela situação que vivia.
Entretanto,
ao povo acordar para a realidade resolve caminhar, clamar pelas ruas o direito
de voto e outros que só pertenciam ao governo da época. Por isso, por meio de
manifestações, cartazes que expressavam o seu grito através das músicas e hinos
que eram cantados o que se justifica no trecho “Caminhando e cantando”.
Além disso, o eu lírico se expressa sobre a questão de que todos são iguais e
que, portanto, as ações precisam ser colocadas em práticas. Com isso,
entende-se que esperar não vai resolver e sim o ato de agir, ou seja, por em prática
o desejo de viver um regime político democrático.
Já no
refrão, “Vem, vamos embora, que esperar não é
saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” nota-se
que neste momento, as pessoas estavam clamando e sonhando com a “tal democracia”
que até hoje é mascarada pelo sistema. Porém, a nação foi motivada a agir e
entender que só saber o que deveria fazer não era suficiente precisava fazer a
coisa acontecer. O silêncio foi quebrado e algo começou a mudar. Juntos
professores, alunos camponeses e até o mais humilde operário em uma só voz e um
só objetivo agiram foram para as ruas em busca de seus sonhos quebrando assim,
os cordões do medo que viviam.
Desse
modo, verifica-se que, a passividade outrora do povo pode-se comparar com as
flores que acreditava que iria calar os canhões e isso, não ocorreu quando as
pessoas foram para as ruas revelar sua insatisfação pela forma de governo da
época da qual o povo não participava e ainda tinha que achar que era tudo flores.
Até que, os cidadãos, entenderam que, deveriam ser valentes e esperançosos e
que ao se apropriar do “saber fazer” diluiriam o esperar e assim, de forma triunfal
caminharam, cantaram e erguendo a bandeira da liberdade com músicas gritavam
pela paz e fizeram acontecer mesmo diante de tantas flores que murcharam naquela
ocasião. Estes que levaram no peito a honra de ajudar de certa forma o “acontecer”
desse tempo histórico.
Entretanto,
se faz necessário lembrar que, nos anos 1968, quando foi composta a canção a maioria
das pessoas que se envolviam nessa luta eram as que sofriam pelas as perdas,
que se remete às flores que no chão estavam simbolizando a morte. Logo,
entende-se que hoje, o povo brasileiro passa pelos os mesmos momentos da época
que a música foi composta, pois a passividade e a angústia são as mesmas apenas,
acrescentam-se as causas.
Hoje,
os jovens da atualidade são tecnológicos
e consumistas que se preocupam no seu bem-estar e não no bem-estar do outro, e
muito menos da nação que, atualmente, vive uma falsa democracia. Mediante o
aumento da tecnologia cada dia mais, as pessoas estão aprisionadas ao
consumismo de brinquedinhos eletrônicos que servem de entretenimento, para
todas as classes sociais. Dessa maneira, a juventude de hoje, se torna alienada dos
problemas políticos da sociedade. Não valorizam o ato ler o passado, e por isso
não conhecem a história do gigante adormecido, por conseguinte não são capazes
de formar uma história para os filhos e filhos dos seus filhos. Por fim, a
nação do “pão e circo” continua caminhando agora, sem voz e ainda presa aos
cordões da “ditadura democrática” cheia de incertezas e não mais com a história
na mão e sim, com a história no chão.
Valdenilde Ribeiro
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